Solar 1 – São Paulo: No caminho do sol
Por Dal Marcondes, para a Envolverde*
A cidade de São Paulo é uma das principais referências em políticas urbanas do Brasil. É pioneira em muitas tecnologias de gestão pública e, por sua posição de destaque como a maior metrópole do país, tem mais recursos para manter bons quadros de especialistas, gestores e pesquisadores em políticas públicas. Também por isso é um imenso laboratório urbanístico, com excelentes resultados que ganham escala e transforma-se em vetores de desenvolvimento, qualidade de vida, empreendedorismo e geração de empregos e renda. E com a geração fotovoltaica não é diferente, a cidade tem avançado na implantação de sistema de geração distribuída e na modelagem de negócios para novas iniciativas.
No quarto e último seminário da série “O Futur é Solar”, realizado pelo Instituto Envolverde com apoio da Umapaz e da ABSOLAR, o diálogo foi sobre os avanços das tecnologias de geração fotovoltaica e como essa modalidade de geração se incorpora ao urbanismo da capital paulista e à sua economia. Para conversar sobre isso o Diálogos “O Futuro é Solar” trouxe Rodrigo Lopes Sauaia, executivo da ABSOLAR e um especialista no mercado de geração distribuída, Rodrigo Corradi, Secretário Executivo Adjunto do ICLEI América do Sul, Marcela de Oliveira Santos, Gerente de Projetos da São Paulo Parcerias Mestra em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo e a arquiteta e urbanista Laura Ceneviva, que atualmente coordena a Assessoria Técnica em Mudanças Climáticas da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo.
Os desafios de São Paulo em relação às mudanças climáticas são complexos, abrangem áreas como energia, saneamento básico, bacias de drenagem e poluição do ar, entre outras coisas. Tudo isso impacta em qualidade de vida e saúde pública, o que coloca como central na gestão pública metropolitana o combate às causas das mudanças climáticas. Para trabalhar com o assunto a cidade criou o PlanClima SP, que está estruturado em três eixos fundamentais: a neutralização das emissões do gás do efeito estufa até 2050; Adaptação da mudança do clima; tratar com equidade os ônus e bônus da mudança climática. A urbanista Laura Ceneviva aponta que São Paulo é um centro de produção de estudos e conhecimentos, além de um imenso laboratório de políticas públicas. Por isso é importante que as metas de redução de emissões sejam bastante ambiciosas, para mostra pelo exemplo o que é possível fazer, “Dentro dessa lógica, a incorporação da geração fotovoltaica é estrutural”, explica a executiva.
Rodrigo Sauaia, da Absolar complementa que, atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas vivem em cidades ao redor do mundo que já assumiram compromisso em relação a políticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas e que São Paulo é uma delas. Ele explica que já foram investidos em energia solar nos telhados de São Paulo R$ 230 milhões, com a geração de mais de mil novos empregos e recolhendo aos cofres do poder público com impostos federais, estaduais e municipais com R$ 57,5 milhões. “Precisamos engajar a sociedade para a expansão da geração fotovoltaica distribuída”, diz o executivo. Seus dados mostram que um quarto do consumo de eletricidade no país é feito em residências, enquanto apenas 7% é do setor público. “O grande desafio é tornar o produto mais conhecido e organizar as fontes de financiamento para que a sociedade tenha como fazer suas escolhas, uma vez que a energia oferecida para residências é a da maior tarifa, o que garante um retorno mais rápido do investimento em geração solar.
Para ampliar o alcance da geração solar na cidade de São Paulo estão aumentando os espaços para PPP (Parcerias Público/Privadas) para atuar na expansão da geração distribuída. Segundo Marcela de Oliveira Santos existem diferentes projetos em desenvolvimento para o mercado livre de energia. Um projeto pioneiro foi uma PPP para implantação, operação e manutenção de usinas solares em Unidades Básicas de Saúde (UBS). O segundo é o projeto de eficiência energética e geração distribuída em unidades da Secretaria da Educação. E, por fim, a implantação, operação e manutenção de usinas solares de geração distribuída em aterro sanitário. “Estamos abertos a projetos que possam ganhar escala. Afinal, São Paulo é uma imensa metrópole e, mesmo sendo um laboratório, precisa de soluções capazes de oferecer conforto e qualidade de vida para milhões”, explica Marcela.
O executivo do ICLEI, Rodrigo Corradi, reforça as palavras da gestora de parcerias da prefeitura. “São Paulo tem a sua capacidade de replicabilidade da mesma maneira que ela tem capacidade de ser única. Aqui no Brasil, na nossa região e no mundo. SP tem elementos muito próprios que elementos de políticas públicas em alguns bairros em SP podem ser replicados em cidades do mundo”, diz. Para ele a troca de informações sobre experiências internacionais é fundamental para que a gestão pública alcance um padrão de qualidade de nível global. E cita como exemplo a troca de conhecimentos sobre projetos de eletrificação de transporte público sobre rodas (ônibus) que vêm sendo desenvolvida entre São Paulo e a Alemanha. “É preciso trabalhar com o cenário local, mas sem perder de vista que o planeta está super urbanizado e, por isso, as experiências em cada cidade podem ser modelos para muitas outras. O ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, onde Corradi atua, é uma organização não governamental internacional que promove o desenvolvimento sustentável a partir de compartilhamento de experiências entre cidades e países. (#Envolverde)
*Com apoio de Paolla Yoshie