Solar 1 – Oportunidades e novos negócios – as startups da energia solar
Por Dal Marcondes, para a Envolverde*
No terceiro painel sobre energia fotovoltaica realizado delo Instituto Envolverde com o apoio da Umapaz e da Absolar, o diálogo reuniu três especialistas em mercado e associados à Absolar: Pedro Drumond, coordenador estadual da entidade em São Paulo, Rodolfo Molinari, diretor da Origon Energia e especialista em geração distribuída, e Pedro Miguel de Araujo Mateus, gestor da Faro Energy, que administra uma carteira de negócios em geração distribuída superior a R$ 600 milhões. Com esse perfil de debatedores, a conversa seguiu o rumo dos negócios, das oportunidades geradas pela inovação e por um modelo de organização da geração fotovoltaica capaz de descentralizar não apenas a produção de energia, mas também as oportunidades de negócios e a geração de emprego e renda.
A inovação na geração fotovoltaica não está apenas na tecnologia. Os diversos processos de implantação, principalmente na geração distribuída, geram inúmeras oportunidades para investimentos e empreendedorismo, explica Rodolfo Molinari. O fato de que, para a implantação de sistemas em edificações, raramente são necessárias obras de adequação, o que torna mais simples a decisão por esse investimento. Molinari chama a atenção também para o fato de que muitas vezes nem esse investimento inicial é necessário, uma vez que já existem empresas que alugam todo o sistema de geração, instalam, fazem a manutenção e tido o que for necessário sem que o cliente tenha de desembolsar o capital para a compra dos equipamentos. “Os modelos de negócios que estão surgindo são democráticos, porque tem muitas modalidades e oferecem oportunidades para empreendedores de múltiplas formas”. Diz o executivo.
O alerta de Molinari é sobre a compreensão desse mercado, ainda muito desconhecido. “É um mundo ainda inexplorável, e o Brasil está muito distante, principalmente porque não tem o arcabouço regulatório que permite essas iniciativas de forma mais clara e direta”, explica. Pedro Mateus, por outro lado, fala das oportunidades de ampliação da geração através de “fazendas solares”, que podem ser implantadas sobre terrenos de baixo potencial agrícola ou terras que já apresentam alto grau de degradação. “Com isso conseguimos oferecer renda para os proprietários, além de recolher impostos e mover a economia local com os bons empregos gerado”, explica. É um modelo diferente da geração distribuída em múltiplos locais, mas também oferece benefícios na geração de oportunidades.
Mateus aponta as crises econômicas do Brasil como preocupantes, mas seus números mostram que a demanda por energia no país não para de crescer e a solar tem um papel importante ne geração adicional necessário. “Hoje temos 1500 hectares de área arrendada com plantas solares instaladas e olhamos o futuro com otimismo”, explica. Sua empresa, a Faro Energy, tem buscado ampliar seus quadros técnicos e já tem 40% de mulheres trabalhando. Ele comenta que a formação de novos profissionais ainda é um desafio, mas um bom desafio.
Pedro Drumond, da ABSOLAR, vê o desenvolvimento da geração solar no Brasil muito ligado aos pequenos negócios. Isso gerou uma mudança na forma de negociar das grandes empresas, antes habituadas a lidar com grandes geradoras ou distribuidoras. É um ecossistema de startups e de novas oportunidades. Uma delas é a oferta de energia limpa para abastecer veículos elétricos, que serão uma realidade cada vez mais presente nas cidades brasileiras, e até mesmo nas estradas.
Há, entre os especialistas participantes do Seminário “O Futuro é Solar” uma quase unanimidade em relação às questões legais e de regulação. Pedro Drumond alerta para a necessidade de maior conhecimento entre os envolvidos, do setor público e da sociedade, para evitar equívocos. “A segurança institucional é fundamental para a ampliação da oferta dessa energia limpa no mercado brasileiro”, diz. Ele cita o exemplo da Alemanha, onde a pesquisa em tecnologias e na modelagem de negócios é considerada investimento e conta com recursos de fundos e organismos de fomento, enquanto, no Brasil, essas atividades ainda são consideradas despesas. (#Envolverde)
*Com apoio de Paolla Yoshie